ARCA

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

NINGUÉM É INSUBSTITUIVEL, SERÁ?


Na sala de reuniões de uma multinacional, o director, nervoso, falava com a sua equipa de gestores.
Agitava as mãos, mostrava gráfico e, olhando nos olhos de cada um ameaçou:
- "Ninguém é insubstituível".
A frase ecoou nas paredes da sala de reuniões no meio do silêncio que se seguiu.
Os gestores trocaram olhares, alguns baixaram as cabeças, mas ninguém ousava falar.
De repente, um braço levantou-se e o director preparou-se para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim. E Beethoven?
- Como? - e encarou o gestor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Um profundo silêncio reinou na sala...
Ouvi esta historia contada por um bom profissional e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal, os clubes e ou as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas no fundo continuam a achar que esses talentos são meras peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para pôr naquele lugar.
Quem substituiu Beethoven? Eusébio? Freddy Mercury?Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra?Garrincha? Santos Dumont?Elvis Presley?Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Albert Einstein?Picasso?João Paulo II?
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostavam e o que sabiam fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são, sim, insubstituíveis.
Cada ser humano tem a sua contribuição a dar e o seu talento direccionado para alguma coisa.
Está na hora dos líderes das organizações reverem os seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipa, focando os pontos fortes e não utilizando energia em reparar os seus erros.
Ninguém se lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes das organizações mudar o olhar sobre a equipa e voltar os seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro.
Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso dos objectivos.
Se o seu chefe/treinador/coordenador ainda está focado em "melhorar as fraquezas da sua equipa", corre o risco de ser aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E, na gestão dele, o mundo teria perdido todos esses talentos.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões faleceu; ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e disse mais ou menos isto:
- "Estamos todos muito tristes com a partida de nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos... Ninguém... pois nosso Zaca é insubstituível"
Portanto, nunca esqueça: Você é um talento único... com toda a certeza ninguém o substituirá!
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso. O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor."

Max Gehringer
Para ler-mos e reflectirmos,toda a gente tem o seu espaço e o seu valor, vamos utilizá-lo como deve ser.

ARCA - Associação Recreio Cultura e Assistência

5 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo!!

As pessoas podem não ser substituíveis, mas existe sempre quem possa ocupar o seu papel mesmo não fazendo tão bem...

Ah que aceitar as decisões dos "chefes" e se o lugar do "insubstituível" estiver a ser ocupado por outro, só lhe tem que dar força porque mas importante que o "UM" é o TODO!

Arca sempre
Adepto atento

Anónimo disse...

este AH é de admiração...????!!! para fazer sentido deveria ser: "há que aceitar.." - nos cargos até podem substituir, mas há de facto pessoas que ninguém consegue substituir...ah pois é! ninguém mesmo...nem os que fazem transplante do coração esquecem o que já tinham no coração "velhote".

D

Anónimo disse...

Na verdade é bom que as pessoas se convençam que todos são substituíveis (já há depressões que cheguem), mas a realidade é bem diferente. Mas há sempre a possibilidade de 2 pessoas substituirem uma (?!). É preciso é acreditar.

zeta

Anónimo disse...

Pois é o Todo...!!!!e não um Sozinho Para quem não sabe ser um todo...Quem não sabe ser uma equipa.?! Fica Sozinho....
Pode ser substituível...

Anónimo disse...

Também não concordo! Em minha opinião, não há uma modalidade em desportos colectivos, onde haja insubstituiveis. A grande magia dos desportos colectivos é precisamente esta... o sacrificio individual em prol do colectivo, ou seja, o esquecimento do "EU" em prol do "nós".
Com todo o respeito que o artigo me merece (penso que entendi muito bem a mensagem), este não se adpta ao contexto dos desportos colectivos. (um grupo de grandes talentos, pode não ser uma boa equipa)